Depois de algumas bem vindas manifestações no blog e outras via Facebook (essa ferramenta do Cramunhão), resolvi não fazer nada em relação ao texto pornográfico.
Estava com muita vergonha. Talvez devidos os “eufemismos drummondianos” que dominam minha personalidade, talvez porque não consigo entender o texto, que é diferente do que costumo escrever. Talvez porque as repetições que me pareciam interessantes quando escrevi estejam soando frívolas e desinteressantes.
Mas como eu já fiz a enquete, ninguém disse que eu deveria esconder o texto e a internet voltou a funcionar (entendam: quando eu desapareço, na maioria das vezes, é porque a internet desapareceu), acho que vou deixar o texto aqui, como experiência. É isso, sejam complacentes. E obrigado por todas as manifestações, foram importantes.
É assim que eu gosto de você. A filhinha perfeita de mamãe e papai com todas as tarefas em dia e o penteado impecável. Não exagera a maquiagem e sorri pra todos com simpatia e ingenuidade. Uma ingenuidade que não é sua e todos os que recebem seu sorriso adivinham essa farsa.
O que todos adivinham, eu experimento.
Vivo por debaixo das farsas, das suas e de todos os outros. Eu fabrico as mentiras sob as mentiras das pessoas e isso faz de mim um homem sincero e de bom coração. E o que acontece quando a doce princesinha do papai e da mamãe se encontra com o homem gentil e de bom coração? Você sabe – e o mais maravilhosamente belo desse conhecimento é que você se enrubesce quando pensa nisso.
Enrubesce quando pensa em sua vontade de ser dominada, de entregar seu sexo aos meus cuidados, de sentir minha língua vibrando em seu corpo. E a princesinha dorme e uma rainha linda e perversa surge para abocanhar meu pau e cravar as unhas em meus braços. E essa rainha exigente grita ordens, goza e se enraivece diante da força com que a combato – eu, o homem gentil. Eu, que nasci para comer essa rainha. A filhinha perfeita é uma mulher que não pensa. É toda feita de peitos, pernas, uma boceta rosa e molhada que me aperta e os olhos que suplicam “me come”. Suplicam a mim, que nasci pra comer essa rainha.
Continuo doce. Meu coração continua bom. Minha alma é a mais casta alma de todas. Te como com força e te esbofeteio. Lanço minha língua pelo seu corpo e invado sua boca. Puxo seus cabelos e entre um gemido e outro, entre frases baixas e pornográficas, você me ouve dizer “eu te amo”. Porque sou vassalo da rainha que torturo. Porque quero que você saiba que minha força, minha vontade, minha crueza, a rudeza das mãos que puxam sua cintura quando você tenta fugir pela cama, meu sêmen escorrendo pelas suas costas e cabelos, tudo isso é obra dos seus desejos e ordens. Eu te amo, rainha linda, cruel e tarada que se atira em mim como quem não espera continuar viva. Amo com a mesma força que uso em nosso sexo.
E depois de assistir com um prazer cruel seus gritos e esperar que você se contorça num gozo violento, cheio de espasmos, espero que você se encolha em minha cama, tremendo de medo e alegria. Sentindo que a rainha nada pode contra minha vontade, contra minhas mãos, minha língua, que ela é indefesa diante da força com que é comida, me aproximo e abraço a – novamente – princesinha, filhinha perfeita de papai e mamãe que eu raptei e que se aninha em meus braços, exausta e feliz, sentindo meu pau, ainda duro, roçando suas pernas enquanto aceita meus beijos e meus infinitos “te amo”.